Caravana (2019)
“Caravana”, quebra as expectativas de quem pretende encontrar na festa do Rosário a imagem de uma tradição estanque, aprisionada no tempo. Possivelmente as barraquinhas existem desde o início da festa no Serro, originalmente arrecadando fundos para suprir despesas da realização dos cortejos. Com a expansão da festa, essas barracas também cresceram e se tornaram-se uma oportunidade comercial. Atualmente, muitos trabalhadores percorrem a região durante a festa, fornecendo produtos importados, que o comércio local não dispõe ou oferecendo-os por preços mais baixos. As fotografias realizadas escapam de uma noção uniforme do que seja considerado, no sentido estrito, a imagem do festejo e daquilo que mereça ser visualizado.
A partir dos anos 2000, os comerciantes da festa foram obrigados a usar barracas de metal pré-fabricadas e padronizadas, extinguindo a tradição do fazer artesanal e alterando a festa do Rosário não só visualmente, mas também em sua relação com a população. Se em Quermesse buscou se a reconexão à tradição da barraca artesanal, em Caravana (2019) não só se admite a mudança imposta pela contemporaneidade, como também se vislumbra o potencial histórico, iconográfico e expressivo da nova formatação, retratando os vendedores itinerantes que se deslocam até Serro durante a festa para vender seus produtos.